sábado, 30 de novembro de 2013

MEMENTO MORI

Ele, amarrado na cama por ela.

Ele cospe. Ela estala o chicote.

Rima sem ritmo, o gesto de desprezo.
-Do que fui o que resta?
-Filosofia barata.
-Essa agora. Te fiz uma pergunta.
-Delirando.
-Carne. A resposta está na carne, né?
-Fomos ensinados.
-Pagamos o dízimo. Temos direito a respostas.
-Ranger de dentes, cadela.
-Mulher com halo o que sou, cavalo.
-Teu mito serve de escudo. Memento mori.
- Heresia. O mito é nosso. Qual a morte.
- Pequei costelas.
- Me fodeste com o mito de Adão.
- A igreja finge que não nos vê.
- Você ouviu? Me fodeste.

Ela perfura seu pênis com precisão cirúrgica. Engata um brinco.

Estalou, antes que chegassem os cavaleiros do Apocalipse, que estavam na casa da avó.

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