segunda-feira, 7 de maio de 2018

MAS TUDO É VÃO

Tudo pode ser luminoso na luz da memória.
Buscar o beco ou rua que morreu,
O campinho que aterrou o mangue,
O muro do qual se caiu duzentas vezes,
O porão que escondia tratores de toco,
Latas de sardinha como caçambas,
O prédio no qual se furou o pé.
O tanque no qual se conheceu
Estelita, a invulgar.
Envelhecer é
Um processo multifatorial
Que engloba perda de funções
E doenças típicas,
Culminando com a
Morte?
Buscar na memória o beco ou rua que morreu,
O Posto São Jorge, o Ferro Velho do Milton,
O campinho, a janela de vidro, sangue envolvendo
O pé e o prego enferrujado...
Catão, na velhice, descobriu a literatura.
Aprendeu Sócrates a tocar lira.
Desgaste de tecidos, fibroses,
Perdas de reservas regenerativas do sistema nervoso e
Imunológico, envelhecimento celular.
Ser feliz na velhice porém.
Lembrar o velório
De um homem centenário na rua paralela.
As festas de família em Registro
Com comida à farta e alegrias infindáveis.
Entrar no rio, andar de bicicleta na ladeira,
Se bestificar ante a praça de águas coloridas.
Um menino de quatro anos debaixo dos pés da morte.
Ratos sem exercício na associação atlética.
Mas tudo isso é vão.
Sócrates usava três pedras.
No entanto pensou bem
E não teve hemorroidas.
Hipócrates lambia os fluidos.
No entanto, pensou bem.
Esterco de crocodilo
Como creme de pele.
A esposa e a filha de Péricles
Seguiam a moda de então.
Dizem que anciões alegres
Não abreviam a morte
Mas envelhecem bem.
Os gregos não tratavam bem às mulheres.
Fazer mulheres comerem excremento de mula assado e vinho
Quando uma mulher tinha uma doença...
.....Pedir às filhas para não agendar o passado na máquina do tempo.
Envelhecer dá uma consciência
de sábio ou de paralelepípedo?
Colocar palavrões em versos é exibir
Uma espontaneidade vaidosa?

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