quinta-feira, 21 de março de 2013

BUSCAVA UM FILME

Buscava um filme. Tendo de sair da minha preguiça para escrever sobre as maninhas ética e moral, e me pus a pensar em algum filme que me ajudasse a escrever sobre essas duas irmãs siamesas.
Como me encontrasse limpo, vi-me na necessidade de poluir o corpo com alguma substância nociva.
Estava com uma calça cujos botões estavam quase saindo. Puxei com força, acabei "lipidionosamente" por quebrar dois. Pensei aos brados: "caralho!!! Pelo menos, ainda tinha o cinto.
Bem, fui até o supermercado da Ana, aqui perto, na esquina das nações com a sete, à procura de substâncias malditas - refrigerantes diets entre as tais. 

Comecei a percorrer as prateleiras com olhos preguiçosos e remelentos.
De súbito, um perfume doce me invade as narinas de bom tamanho. Fico por momentos inebriado e certo de ter na origem daquele cheiro a origem do elemento buscado.
Percorri o mercadinho todo e não achei a origem daquele odor. Será que meu cérebro já está me fazendo gracinhas, daquelas que levam a ver porcos na caixa registradora?
Desisti de procurar nas prateleiras e já ia saindo quando vejo uma coroa com um poodle de biscoito.

Quando desviei a atenção da namoradeira linda do balcão, observei que um caminhão de suco em pó parava em frente. Bem apropriado. Chegara minha tentadora substância cancerígena.
Costumo pegar o pó do suco e misturar com açúcar. Depois, uma lambida séria. Isso dá um barato que nem lhes conto. 

Aguardei que colocassem na prateleira e comprei trinta suquinhos de pó corante.
Seriam o combustível a despertar a inspiração adequada à geração de obras-primas, nem que fossem de terceiro grau de parentesco com obras bem mais merecedoras. Não precisaria café com adoçante. Que não me surtem mais efeito.
Saí do mercado, atravessei a rua e já ia rodando a chave no portão quando um braço me tocou. Era minha filha me indagando o que eu tinha no pacote.
Quando lhe disse que era suco, ela franziu o cenho. 
Seus olhos caíram nos sucos que eu tentava esconder dela. Ela sabia que os sucos já me fizeram ver 'story-lines' rastejando pelas paredes. 
E eu também, todavia....viciado é viciado. Me lembrou sobre o trabalho de ética e moral que eu prometi fazer pra ela.
Não adiantou que lhe falasse de um filme que buscava para ilustrar o trabalho. E era verdade. Inicialmente, eu buscara o filme. 

Desviei. Coisas de viciado em sucos com corantes pesados.
Minha filha, contrariada, saiu pra outra direção. Eu entrei.
Aproveitei pra diluir umas carreiras de suco em papel-toalha.
Quando a mulher chegou, eu já passara das "story". Já estava vendo argumentos nas arestas do telhado. Detalhe : não há telhado em casa.





Um comentário: