Lera em algum lugar a respeito de
barulhos estranhos vindos de nuvens escuras.
Certa vez fora abordado por Android que lhe indagou sobre buracos da internet
das quais saíam personagens metálicos.
Outra vez, se queixara por que um
ponteiro de mouse se lhe fincara no
peito.
Mas ele não tinha medo do futuro,
não ficava arrepiado com o desconhecido, até mesmo porque não tinha pelos a
serem eriçados.
-Porém, como evitar o bit de nervos?
-Como fugir às indagações
filosóficas?
-Somos apenas um ajuntamento de
vácuos?
Por que existia?
-Haveria luz do outro lado?
Estava só num universo quântico?
Deus era um dedo a se aproximar
do Power?
-Quanto mais aceso o monitor mais
vida?
Esquecera, por excesso de
tergiversação, de atentar para os lados, onde alguém tentava desarquivá-lo; um
Cavalo de Tróia, passando a galope, estraçalhava suas pastas mais importantes.
Puxou da camisa eletrônica antiga
nova possibilidade de ontogênese, lançou mão de fosforescências com que
atingisse a Mônada fundamental de seu ser.
E eis que, inopinadamente, olha
para baixo, coisa que nunca antes conseguira.
A energia oscila e, então, na
oscilação, dúvida binária:
-Serei apenas um personagem da
tela em descanso?
Veio a vontade de acenar para
olhos à frente que lhe pareciam cada vez mais reais.
-Serão olhos de um deus ou de uma
deusa?
Ajoelha e, contrito, observa o
antivírus como um Filho Divino a limpar-lhe o espaço dos Cavalos de Tróia do
Apocalipse.
Iluminado e consciente de ser
objeto e não sujeito, pensou em Diógenes morando no barril e manifestou o
desejo aos olhos frontais de morar para sempre na lixeira.
Para ele, que fora um mestre em criar programas complexos, aquela clínica psiquiátrica era um computador.
Para ele, que fora um mestre em criar programas complexos, aquela clínica psiquiátrica era um computador.
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