Só, saíra da biblioteca central, rato devorador de livros com traças. Descera os setenta vezes sete degraus, tropeçando ao final na sombra da eterna ignorância.
Esbarrara
casualmente num dos leões de pedra que guarnecia a frente da biblioteca.
Cumprimentaram-se,
educadamente, mas, por dentro do Só gerava-se uma antipatia.
Os esbarrões
nos leões que guarneciam jardins, coretos, museus, etc. etc. continuaram e, a
cada contato, uma parte de si ia sendo metamorfoseada em leão de pedra.
Fora ao
psicanalista para ter uma visão profissional que fosse um ponteiro/martelo que
diluísse os elementos estranhos de seu corpo.
Não deu
resultado. O tempo passou e, agora, ele não esbarrava, eram os leões que o
derrubavam.
Voltou para a
Biblioteca e recomeçou leituras há muito terminadas que o nutriram de sombra e
luz, misturados em seu estômago de pedra, que regurgitou-as, gerando poesias ao
modo de João Cabral de Melo Neto.
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