sábado, 30 de novembro de 2013

BANQUETE

Um diálogo, na floresta do amor.
- Dá teu pescocinho, garcinha.- Fungou.
- Mania de vampiro, é, Banguelo?
- Pra te sugar somente um dente preciso.
- Taradinho. – Arrebitou-se.
- Biquinho gostoso. – Apertou-lhe a ponta do da direita. Durinho. Soldado pronto pra lutar.
- Ai, não aperta tanto. Dói o escudo.
- Soldados perfilados à revista, promovidos a meus generais.
- Você dizia que era um casal de escoteiros.
- Perto de ti, cada encontro é uma inspiração. Hoje, acho neles um sentido mais militar. E daí?
Mãos cravadas nas coxas inchadas de tesão.
- Ai! Cafajestezinho.
Lábios colados, mascando um mesmo chiclete histórico, guardado desde o início dos tempos.
As mãos ansiosas machucam o insetinho delicado.
Ela dá o troco. Agarra, febril, o ninho de sua volúpia insana.
- Ui!
- Ta doendo, né?
- Mas tá delicioso.
- Lembra? Foi só você soltar o queijo e eu créu.
- Eu, feito o corvo. Você, feito a raposa.
A dama sussurra, após solta um arroto quase silente:
- Me virei do avesso por você. Até no meu remoinho você buliu.
- Cabo a rabo.
O suor no pescoço dela, o odor natural das axilas e dos seios túmidos.
Mordem-se mutuamente. Ele devora um pedaço da orelha dela.
Ela come-lhe a ponta do nariz. De um bote, ele engole-lhe a cabeça. Com seus seios, ela esmaga-lhe o corpo. Dos dois, sobra uma só massa lúbrica.
Aqui e ali, entremostra-se um lábio tapado por um seio suado.

Em um braço, o nome de eternas mulheres. No outro, relação de homens provisórios.

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