sábado, 30 de novembro de 2013

MALAFEL E ROMÍSIA

Recebeu o juízo final. Entupido de soníferos.

Romísia, enfurecida e bêbada, enfiou em Malafel a alma em ponta costurada na igreja. Consolou-o.

Depois, esfregou-se nele, gritando histericamente.

Ao pé do caramboleiro, Bíblia com as bordas queimadas.

A partir de então, emudecera, catatônica.

Romísia morrera desde o nascimento e assim continuara, dissimulando a vida.

Devorou um dos testículos de Deus na época.

Todos tínhamos um pouco de culpa.

Éramos a platéia. Masturbávamos.

Ríamos como de um cão e cadela engatados no palco.

E Deus chorava.

Prendíamos segredos na alma inexata.

Nossa incapacidade cabaça experimentava virgindades ansiosas.

Horas embaixo das árvores, testemunhávamos.

Romísia, uma das fúrias gregas.

Ele, deslizante em silente corredeira.

Inventávamos histórias a partir do que presenciávamos.

Éramos sórdidos. Completamente ignóbeis.

Queimamos as asas do anjo, depois de as embebermos de gasolina.

Após, incineramos as nuvens onde ele nascera.

Aguçada a saliva, o Malafel perdeu as asas, enquanto cristal transtornava os olhos de Romísia com seu ornamento fálico.

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